Talvez seja sobre o desvio que fazemos em relação aos nossos objetivos. Algo não planeado. O que podemos entender é que nenhum caminho na vida é em linha reta. Toda a estrada tem curvas.
Nos investimentos, essa curva oferece a oportunidade de traçar uma nova estratégia e refazer a gestão.
Às vezes ao estar num lugar você sente que não devia estar ali. Sente que aquilo não era para estar a acontece. Existe algo de muito errado em tudo isso. Sente uma coisa espiritual, uma sensitividade, algo que alguém cético como eu não deveria comentar com você.
Às vezes você está cercado por pessoas que não acrescentam, a fazer coisas que num futuro próximo não significarão nada. Talvez você se sinta incompleto. Talvez passe pela sua mente, que não era para você estar a viver aquilo. Não aquele exato momento, não com aquelas pessoas. Assim como quando se sente sozinho no meio de uma multidão. A solidão não é um estado: é um sentimento. Você sente a presença dela. Sente o seu gosto, o seu cheiro. A solidão deixa marcas. Cicatrizes. Um rastro.
Você pode estar sozinho e não se sentir sozinho. E pode estar rodeado por pessoas – amigos, familiares – e ainda assim se sentir longe do mundo. Falta uma conexão. Tudo está errado dentro de você. Tem algo quebrado. Existe um desvio no seu caminho. Você não sabe como tem esse conhecimento, mas apenas sabe. No fundo você tem a esperança de encontrar em alguém ou em algo esse vínculo. De reencontrar o caminho. De se conseguir conectar. Procuramos por essa conexão a vida toda. Posso dizer que passei a vida inteira sentindo-me sozinho. Hoje não mais.
Por conhecer muito bem tudo isso, sinto no fundo do peito cada palavra descrita. Sei que todos precisamos desse desvio. É uma forma da vida nos ensinar algo. Ao menos, eu penso assim. Se não fosse o período que vivi nessa curva, eu não saberia o valor de estar no caminho "certo" outra vez. E por qual motivo chamar isso de caminho certo? Você apenas sente. Sente que está a viver algo bom. Algo que o completa. Algo que você não quer perder. Algo que não é vazio. Não que existam coisas certas e erradas nas situações que você escolhe para viver na sua vida. Mas enquanto estamos no desvio, estamos a perder algo. E sentimos isso. No fundo sabemos. Às vezes, só não queremos encarar.
Podemos estar a perder tempo, o que é muito precioso quando falamos da vida. Podemos perder dinheiro, algo grave quando falamos de apostas ou qualquer investimento. Talvez você não tenha entendido a profundidade disso, mas vou tentar colocar da melhor forma possível.
Imagine uma folha de papel em branco. Mentalmente desenhe a letra "A" em algum lugar dessa folha. Depois dê um espaço superior a 15 centímetros de distância e desenhe em qualquer outro lugar dessa folha, onde quiser, a letra "B".
Agora observe que diante de você existem dois pontos. Ponto "A" e ponto "B". Mentalmente, mais uma vez, pegue numa régua e alinhe esses dois pontos e trace uma reta.
O resultado disso será a menor distância entre esses dois pontos, ou seja, a reta. Isso está correto? Sim, de acordo com a geometria Euclidiana. Mas e se colocássemos uns obstáculos bem no meio do caminho entre esses dois pontos? Obrigaríamos qualquer "ser" que se aventurar por esse caminho, a fazer um desvio. Agora, mentalmente dobre está folha ao meio. Em ambos os exemplos, a linha reta já não é a menor distância e nem a mais rápida entre esses dois pontos.
Talvez seja sobre o desvio que fazemos em relação aos nossos objetivos. Algo não planeado. Algo que a vida conspira para que aconteça. E que por algum motivo teve que acontecer. O que podemos entender é que nenhum caminho na vida é em linha reta. Toda a estrada tem curvas. E precisamos trilhar esse caminho para chegar onde queremos chegar.
Muitos entendem este desvio como variância. Jogadores de poker costumam usar esse termo a todo o instante, às vezes de uma forma muito equivocada. Pois para a matemática, essa curva, tem o nome de desvio padrão. O desvio padrão é a medida mais usada da dispersão estatística. Ele mostra o quanto cada elemento de uma distribuição, desviou ou variou em relação a um valor central, média ou melhor, em relação ao valor esperado.
Para que é que isso nos serve?
Saber o quanto estamos a desviar do caminho do lucro num investimento é algo importante para manter uma boa gestão e traçar novas estratégias. Pois com os números vistos e revistos, podemos ter uma base de como iremos sair numa próxima temporada.
Existe uma discussão enorme sobre o ciclo desses fatos, porém essa discussão envolve mais amadores que profissionais do ramo. Como teórico e profissional do meio, tenho a minha opinião e a minha própria teoria. Mas não iremos levantar, em um todo, esta discussão agora.
Discussão que falaria sobre a projeção dos números de uma temporada. Discussão que acabaria no momento que o investidor lembrar o motivo que o faz calcular o seu ROI. Muitos negam a possibilidade de prever números futuros e, ao fazer isso, desconsideram o ROI - asneira. Visto que, com base nos números das minhas temporadas passadas, é possível projetar os números da próxima. É apenas estatística, mas para qualquer investidor essa projeção é importante e legítima. Por esse fato que o desvio padrão torna-se algo tão importante.
As apostas ainda são algo novo, consideravelmente recentes no mundo do investimento. Ainda há preconceito para com elas, assim como pouca teoria desenvolvida. Sou um dos poucos teóricos que dá a cara para discutir sobre tal assunto. Um fato interessante de tudo isso ser tão novo, é que não nomeamos algumas medidas. Já temos em nosso dicionário de apostador algumas palavras que ficam na mente. Algo como "Dropar", por exemplo, que significa largar uma aposta, deixar aquela seleção de aposta de lado ou não efetuar aquela aposta. Temos o termo "badrun", para uma sequência má. A palavra "Underdog". E assim como os jogadores de poker, falamos de variância de um modo errado. Devíamos colocar um nome nessa medida; vejo no nome "Curva" uma forma mais correta de nos referirmos a esse termo. Até mesmo pelo motivo que já utilizo esse termo há anos dentro das apostas.
O objetivo deste artigo é colocar para você leitor a importância de entender como funciona este período da "curva", onde estamos naquele desvio mencionado e o aprendizado que podemos extrair dele. Tudo na vida é aprendizagem. É uma forma que temos de nos adaptar a essas flutuações futuras.
Tanto na vida quanto no mundo dos investimentos, essa curva nada mais é que recordações e lembranças que nos irão dizer como poderá ser o futuro. De formas diferentes, é claro. Na vida, a curva está ali para ensinar a dar valor a certos momentos e situações. Nos investimentos oferece oportunidade de traçar uma nova estratégia e refazer a gestão, além de dar tranquilidade para investir. O desvio faz parte da trajetória. Por mais que você se sinta mal ou estranho ao cruzar por esse caminho mais árduo, ele só é o que é. Só alguns obstáculos no meio da estrada, uma simples curva sinuosa. Só é preciso ter cuidado ao trilhar por esse caminho.
Um grande abraço a todos!