Quando está a apostar, não é você contra o mundo, é você contra você mesmo. É cérebro contra cérebro. A sua mente a lutar contra ela mesma num jogo de desconfiança, ansiedade, indecisão, êxtase e arrependimento.
Cada decisão tem uma história. E toda história é única, assim como o indivíduo que a vivencia.
Quando está a apostar, não é você contra o mundo, é você contra você mesmo. É cérebro contra cérebro. A sua mente a lutar contra ela mesma num jogo de desconfiança, ansiedade, indecisão, êxtase e arrependimento. Detalhe, o arrependimento vai sempre existir, até quando se ganha uma aposta, pois muitas vezes você vai pensar que poderia ter apostado mais ou feito algo diferente. Além da máxima do apostador quando está numa boa fase, “eu sou foda”, um estado de megalomania que todos irão passar, até chegar na fase má do ajuste da curva, onde você perde muito e por muito tempo, a desconfiança chega, e no fim das contas a depressão te pega sorrateiramente e nessa fase, inevitavelmente, você se sentirá “um lixo”.
Essas fases extremas de emoções são refletidas no longo prazo e duram por um bom trecho do caminho. Parece que é algo que não podemos alcançar enquanto falamos sobre o lado psicológico na hora de apostar, mas é nesse momento que muitos se enganam. Essas emoções e sentimentos não surgem num limbo onde você não está a apostar. Isso tudo acontece em plena ação e você simplesmente precisa lidar com isso para continuar o trabalho. Engana-se quem acha que a sua fase não influência as suas decisões. Tudo que você vive, interna ou externamente nas apostas desportivas, irá influenciar nas suas decisões, seja você quem for, pois se você é um ser humano, isso é inevitável.
Muitos dialogam em seguir o trabalho e o planeamento enquanto passamos por uma fase má, mas na verdade, não tem como agir indiferente ao seu estado atual de espírito. As suas decisões serão influenciadas pelo seu estado atual e nesse momento, será preciso intervir. O que quero dizer, é que vários pensamentos conflituantes irão passar por sua cabeça. A impulsividade irá falar mais alto, chegará a gritar ao pé do seu ouvido para você fazer determinada “cagada”. Pior ainda quando aquele feeling da impulsividade dá certo e você se controlou para não ceder. Nesse momento é impossível não ficar transtornado.
O dia a dia do apostador é muito difícil, cheio de decisões complicadas. Em alguns momentos tememos errar. Em alguns momentos achamos que estamos no controle. A sensação do controle passa pelas vezes que nossas decisões são certeiras, mas e quando não são? Como somos idiotas. Não temos controle sobre qualquer acontecimento, controlamos apenas nossas decisões, isso quando elas não nos controlam. Isso quando nosso estado atual não controla tudo que fazemos.
Para evitar tudo isso, existem atitudes simples que podem manter a saúde dos seus investimentos e a pontualidade de suas decisões até mesmo nos momentos mais difíceis.
Para todo apostador, a parte básica é a criação de regras de conduta e critérios para efetuar uma aposta. É uma parte vital do processo de criação de uma estratégia. O problema é que para a grande maioria isso não irá funcionar.
Podemos pegar o número de apostadores que conseguem ser lucrativos no longo prazo e fazer a relação com os que não conseguem, temos um número alarmante de fracassos nas apostas desportivas e isso não acontece por simplesmente esses apostadores fracassados não saberem apostar, estudar ou criar métodos de aposta. A equação é outra, fora do eixo matemático. Enquanto todos depositam as suas forças em criar um método para apostar, esquecem de fortalecer o lado psicológico e emocional.
Mesmo criando regras sobre como agir em determinada situação, mesmo estudando todos os padrões encontrados, mesmo tendo a porra da matemática a seu favor, se você não conhecer os seus limites, ou melhor, se você não se conhecer, irá fracassar. Sem sombra de dúvida todos esses apostadores criaram sistemas para apostar. Definiram o seu “mindset” (risos), e mesmo assim, quando as coisas apertaram, acabaram por virar estatística entre os fracassos nas apostas desportivas. E isso se dá por uma coisa simples. Perfil.
O perfil é o grande vilão e ao mesmo tempo o grande mocinho quando falamos de investimentos no geral. A máxima aqui para você entender, é que o mundo não vai se adaptar a você, pois você é insignificante perto do todo. Logo, é você que precisa se adaptar ao mundo, o problema é, que algo que serve para mim, não servirá para você. Todo o ser humano tem seus próprios traços, tem sua individualidade é um sujeito único e precisa ser tratado assim.
Você tem os seus pontos fortes e os seus pontos fracos para determinada tarefa. É preciso entender os seus limites. Onde os seus pontos fortes se tornam pontos fracos e onde seus pontos fracos podem se tornar resistência. É preciso construir regras de conduta para investir, padronizando as ações e atitudes, mas isso precisa respeitar o seu perfil. E um lembrete, não existe traçar seu perfil, sem se testar. Sem passar por toda a porcaria possível antes de definir seus pontos fracos e pontos fortes. Sem porcaria, sem história. Sem erros, sem aprendizado.
Pensou que a jornada do apostador é algo definido num dia? Leva uma vida inteira.
Mas fica tranquilo, não te trouxe até aqui para não entregar nada. Esqueça toda a baboseira de planilhas que fazem cálculos para você apostar, esqueça tudo que falam sobre “ter uma mente vencedora”, a verdade é que essa mente vencedora só funciona para vendedores e não vencedores. O que funciona para os vencedores é o trabalho duro.
Vou explicar uma coisa para você então, sabe por qual motivo a criação de regras de conduta e critérios para apostar não funcionam para a grande maioria? Provavelmente você já sabe, mas vou responder assim mesmo para seguir com o raciocínio do texto. As regras não vão funcionar, pois elas precisam ser friamente ajustadas para controlar as suas ações e atitudes, algo que é extremamente delicado e individual. Existe um ponto certo, e você só consegue ajustar sentindo isso na prática. O perfil do apostador pode ser definido boa parte em números. Se você anotar todas suas tomadas de decisões, explicando os motivos das entradas (algo crucial) e planilhar os seus resultados, e desses resultados criar estudos, vai perceber muito sobre você e poderá criar regras de conduta adaptadas para suas necessidades.
É preciso entender que toda regra que você define não pode suprimir os seus defeitos, na verdade precisa ajustar a direção desses “defeitos” para que eles se tornem pontos fortes. Vou explicar isso minuciosamente agora, me paga uma cerveja depois seu cara de pau, to dando isso de graça.
Pegue o meu perfil como exemplo. Sou um apostador extremamente agressivo, antes de me regrar, eu era só um idiota impulsivo com bom feeling, mas que botava tudo a perder quando as coisas não corriam bem. Acontece que para ser lucrativo, é necessário ser agressivo. Por mais que minha agressividade fosse algo que colocava tudo a perder em momentos onde a cabeça estava quente, era algo vital para ser lucrativo. O que eu precisava era ajustar essa agressividade e canalizar ela para o momento certo, ou melhor, para situações certas. Assim como o meu feeling. O que podemos dizer aqui é, que o feeling nada mais é que reflexo de padrões assistidos. Seguir o feeling sem uma base matemática para tirar prova real, é algo mau, pois não te dá longo prazo, mas se você tiver uma mente treinada para reconhecer padrões (feeling), em determinado desporto, não evite de usar em situações certas, onde a matemática também esteja do seu lado.
O que fiz foi simplesmente criar regras e limites para apostar. Quantidades que eu podia apostar por jogo, em linguagem de unidades. Quantia máxima por aposta. Definição de unidades para investir por partida, de acordo com critérios pré-estabelecidos. Deu errado determinada previsão, simplesmente desligo a operação, ou seja, paro a estratégia definida naquele momento mesmo. Entre outras tantas regras menores, que ajustaram os meus pontos fracos e aprimoram o que eu tinha de melhor.
A grande sacada aqui é, eu cumpro um roteiro. E de tanto cumprir o mesmo roteiro, a minha mente já se acostumou com o percurso, e a partir disso, criei reflexos, algo que muitos chamam de uma mente vencedora, que nada mais é que educação, aprendizado por base na repetição. Uma base que preambulou por ações que deram certo e atitudes que deram errado, e no final das contas deram-me critérios mais aprimorados. Muitos gostam de olhar sempre para os vencedores. Olham para eles com admiração e tentam repetir as ações e atitudes deles que deram certo. O que deveriam fazer é olhar para quem fracassou. Olhar para os erros. Pois o que deu certo é apenas o cume de uma montanha, você não sabe o caminho até ali. Talvez você nem tenha percebido o quanto de aprendizado aquele VENCEDOR precisou ter para chegar naquela constante.
Cada decisão tem uma história. E toda história é única, assim como o indivíduo que a vivencia. Para chegar no cume daquela montanha parceiro, é preciso por-se a caminhar, sem saber qual é o caminho certo, o caminho mais rápido ou o caminho mais eficaz. Você tem que esquecer tudo isso e trilhar “O SEU CAMINHO”. Ele pode ser mais longo, mais curto, mais turbulento, mas lembre que isso não é uma competição, você apenas precisa chegar. E quando chegar ao cume talvez você entenda, que não se trata da chegada, é o caminho que faz toda a diferença. A chegada é apenas a constatação de um aprendizado, pois é preciso lembrar, que sempre existirá outra montanha, outro cume, outros caminhos para percorrer e passar trabalho.
Se não entendeu a metáfora, to dizendo que você sempre terá problemas e terá que enfrentá-los. Isso te garante sempre estar em perpétua mudança, te garante novos aprendizados e o principal, te garante estabilidade. É quando aceitamos as mudanças e todo esse processo que por fim enxergamos que não podemos controlar nada e conseguimos o equilíbrio necessário para viver em perfeita harmonia com tudo que nos cerca.
Não esqueça de ler a entrevista com o Apostador profissional Josué Ramos, autor também do artigo: Como controlar os fatores psicológicos?